Sta. Cunegundes da Polônia, OSC

 Virgem da Segunda Ordem (1234-1292). Foi beatificada em 1690 pelo Papa Alexandre VIII e declarada padroeira da Polônia e Lituânia pelo Papa Clemente XI em 1695. Em 16 de junho de 1999, em Stary Sacz (Polônia), foi enfim canonizada por S. João Paulo II.

Memória litúrgica, 23 de julho
(Calendário Romano-Seráfico)


Cunegundes, chamada familiarmente Kinga, nasce em 1234 na Hungria, filha do rei Bela IV, irmão de Santa Isabel. Pertence àquela nobreza medieval cristã que considera seu empenho fundamental tender a santidade: também as suas irmãs Iolanda e Margarida são veneradas como bem-aventuradas pela Igreja, Santa Inês de Praga é sua prima. Da família real húngara, dinastia dos Arpádios, provêm Santo Estêvão, o Padroeiro principal da Hungria, e seu filho Santo Emerico. Esta estirpe real cultivava com enorme fervor a vida de fé e dela nasceram grandes santos. Com efeito, podia permanecer sem algum vestígio na sua alma o exemplo dos santos pais, dos irmãos, das irmãs e dos parentes? A semente de santidade lançada no coração de Cunegundes na casa paterna encontrou na Polônia um terreno fértil onde se desenvolver. (1)(2)

Ainda muito pequena, segundo o costume da época, é dada como esposa a Boleslau V, o Casto, de Cracóvia, que tem alguns anos a mais que ela. As duas crianças são educadas juntas como príncipes cristãos. Sobre a pequena Cunegundes incidirá especialmente a duquesa Grymislawa, mãe do esposo. Goza também da amizade da irmã dele, Salomé, cuja história possui muitas características em comum com nossa santa e é também venerada como bem-aventurada. (2)

Chegando à idade adulta, Cunegundes e Boleslau decidiram viver em perfeita castidade. Depois de uma prova de dois anos, os esposos confiaram às mãos do Bispo Prandota o voto de castidade perpétua. Em uma biografia antiga conta-se que o dote oferecido para o matrimônio de Santa Cunegundes, foi uma rocha de sal, considerada de grande valor em seu tempo. Para cumprir esta condição e poder se casar com Boleslau V, a Santa jogou seu anel de compromisso em uma mina de sal húngara. Depois viajou para Polônia e, em Wieliczka, pediu que se fizesse uma escavação até encontrar uma rocha. Resultou ser uma rocha de sal, que ao ser rompida em dois tinha em seu interior o anel de compromisso. Nesse lugar se encontraram os valiosos depósitos de sal da mina de Wieliczka, na Polônia. Foi lhe dedicada uma capela localizada dentro de uma das minas. Todos os elementos lá dentro, inclusive os grandes candelabros e imagens, são feitos de sal.

Ao lado do esposo participou no governo, demonstrando firmeza e coragem, generosidade e solicitude pelo bem do país e dos súditos. Durante insurreições no Estado, a luta pelo poder num reino dividido em regiões e as devastadoras invasões dos Tártaros, Santa Cunegundes soube enfrentar as necessidades do momento, tendo de enfrentar até mesmo o exílio. Com zelo esforçou-se pela unidade da herança dos Piast e para reconstruir o país das ruínas, não hesitando em doar tudo o que recebera em dote de seu pai (1).

Ainda mais, coopera incessantemente para a pacificação entre os príncipes polacos em vista de uma unificação da qual nascerá a Polônia como nação. Teve em consideração sobretudo as necessidades dos seus súditos. Confirmam-no as suas antigas biografias, testemunhando que o povo a chamava: “consoladora”, “médica”, “nutriz”, “santa mãe”. Tendo renunciado à maternidade natural, tomou-se verdadeira mãe de muitos! (1)

Prossegue seu caminho espiritual como terceira franciscana, vivendo uma intensa comunhão mística com Jesus Cristo, que não podemos documentar porque não deixou escritos. Empenha-se com grande força na difusão da fé cristã também além dos confins do ducado, em direção a Rutenia (hoje, parte da Ucrânia) e outros povos ainda pagãos (2).

Procurando modelos a imitar, que correspondessem à sua categoria, escolheu como especial padroeira a sua santa parenta, a princesa Edwiges da Silésia. Quis, outrossim, indicar à Polônia um santo que pudesse tornar-se, para todos os estados e regiões, um mestre de amor à Pátria e à Igreja. Por este motivo, juntamente com o Bispo de Cracóvia, Prandota de Bialaczew, empenhou-se com esforços intensos na canonização do mártir de Cracóvia, Dom Estanislau de Szczepanów. Exerceram, sem dúvida, uma grande influência na sua espiritualidade São Jacinto, seu contemporâneo, o Beato Sadok e a Bem-aventurada Bronislawa (1).

Com a morte do marido, se estabelece em Sacz onde se dedica a edificação da região: constrói vilas e cidades, organiza as paróquias, constrói igrejas entre as quais aquela, com convento anexo, para os frades menores e um mosteiro para as Clarissas. Cunegundes foi acolhida ali como simples hóspede, até 1288, quando ingressou como religiosa. Renunciou a ter qualquer papel no governo do reino e desfazendo-se de todas as suas posses. Se distinguiu especialmente pela sua humildade, pela simplicidade com que acolheu e assumiu o novo estilo de vida. Tempos depois, foi eleita abadessa.

Para ajudar as irmãs a interiorizar a oração da Igreja, traduziu para o polonês todo o saltério, o primeiro livro escrito em língua polaca: Zoltarz Dawidów – Saltério de David (1). Às suas orações foi atribuído o fato de ser encontrada água no mosteiro.

Viveu por treze anos como clarissa, esgotando suas forças em uma vida de penitência e ascese, não deixando ninguém referir-se ao seu papel anterior como rainha da Polônia. Em 1291 adoeceu gravemente da longa doença que a conduziu ao encontro com Cristo: acolheu-a com grande serenidade, como expressão visível da vontade de Deus. Confortada por uma visão de nosso Pai São Francisco, morreu aos 24 de julho de 1292, no dia em que ela mesmo havia predito.

Santa Cunegundes viveu numa época muito próxima à origem de nossa Ordem, na qual o eco da santidade de Clara de Assis estava percorrendo a Europa. A fama da santidade desta excepcional figura, começou logo a expandir-se. Entretanto as vicissitudes históricas tardaram a conclusão do processo canônico.

Foi beatificada em 1690 pelo Papa Alexandre VIII e declarada padroeira da Polônia e Lituânia pelo Papa Clemente XI em 1695. Em 3 de julho de 1998, foi reconhecido um milagre obtido por meio de sua intercessão e em 16 de junho de 1999, em Stary Sacz (Polônia), foi enfim canonizada por S. João Paulo II. As relíquias da Santa estão depositadas sob o altar da capela a ela dedicada nas minas de sal de Wieliczka, Polônia, mundialmente conhecida como Catedral de Sal. A capela, bem como as minas de sal, figuram na lista do património da humanidade. Hoje, Santa Cunegundes põe-se como salvaguarda destes valores. Ela recorda que em nenhuma circunstância o valor do matrimônio, esta indissolúvel união de amor entre duas pessoas, pode ser posto em dúvida. (…) O matrimônio é a via da santidade, até mesmo quando se torna o caminho da cruz”. (1)

As paredes do convento de Stary Sacz, ao qual Santa Cunegundes deu início e onde concluiu a sua vida, parecem hoje testemunhar como ela apreciava a castidade e a virgindade, vendo justamente nesse estado um dom extraordinário, graças ao qual o homem experimenta dum modo especial a própria liberdade. E desta liberdade interior pode fazer um lugar de encontro com Cristo e o homem. 


FONTES
1. HOMILIA DE S. JOÃO PAULO II em Stary Sacz, 16 de Junho de 1999.
2. L’Aiuola di Santa Chiara, Anno XXXVIII n. 4 – luglio-agosto 1999
3. https://pt.aleteia.org/daily-prayer/quarta-feira-24-julho/

Compilação e adaptação

Mosteiro Maria Imaculada

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