Gênese de nosso mosteiro

De 1212 à 2023

Em 1212, sob a orientação de São Francisco, a jovem Clara de Assis iniciou no Mosteiro de São Damião, junto com algumas irmãs, uma vida de penitência, oração e trabalho, na mais alta pobreza, integralmente dedicada à contemplação. Surgiu, ali, a Ordem de Santa Clara, ou Segunda Ordem Franciscana.

«O arcebispo de Reims, Alberico, de volta do Concílio de Latrão (1215), visitou São Damião e pediu à Seráfica Mãe Clara que enviasse suas filhas para a França. Em 1219, Ir. Maria de Braye deixou Assis e foi recebida no ano seguinte em Reims pelo sucessor de Alberico, Guilherme de Joinville.

“Vendo a irmã Maria de Braye que Deus abençoava de dia para dia o seu pequeno trabalho, e que o número de filhas aumentava, quis dar parecer à sua bem-aventurada Mãe Sta. Clara, que estimava tanto ausente como presente, honrando-a como abadessa e superiora, escrevendo-lhe com uma súplica muito humilde de querer aceitá-las todas para suas filhas, que todas a cumprimentavam e se prostravam a seus pés, em protestante obediência e submissão, como a sua querida abadessa e superiora, na pessoa da Ir. Marie de Braye, sua vigária, que tinha o seu lugar no seu pequeno mosteiro de Reims”. (Remarques de l’établissement du monastère de Sainte Claire de Reims)

Só depois da morte de Ir. Maria de Braye (1230), por sugestão de nossa Mãe Sta. Clara e do ministro geral da Ordem, foi eleita a primeira abadessa “das pobres irmãs de São Damião de Reims”. Em 20 de novembro de 1237, o Arcebispo de Reims consagrou a pequena igreja do mosteiro e a dedicou a Santa Isabel, que acabava de ser canonizada (1235).

O mosteiro de Besançon foi fundado na França em 1290, pelas irmãs de Reims. Por vários motivos, políticos e eclesiásticos, este mosteiro e muitos outros, deixaram de observar a Santa Regra escrita pela Seráfica Mãe, passando à Regra do papa Urbano IV.

Deus, zelador de sua santa obra, preparava um retorno à primitiva observância e, para este fim, chamou de um pequeno reclusório da cidadezinha de Corbie, a jovem Coleta Boylet, de 24 anos. Em 16 de outubro de 1406, S.S. Bento XIII recebeu os votos de Coleta e expediu a bula autorizando a reforma proposta por ela. Nomeou-a Superiora Geral de todos os mosteiros de Clarissas que viesse a fundar ou reformar.
O Papa autorizou-a a tomar posse do mosteiro de Clarissas Urbanistas de Besançon em 27 de janeiro de 1408. A Santa Madre sofreu sérias oposições desta comunidade, e somente dois anos depois, em 14 de março de 1410, pode, enfim, levar a termo a reforma. A própria condessa de Genebra as acompanhou com uma grande comitiva.
Foi em Besançon que São João de Capistrano se encontrou com Madre Coleta, dizendo: “Creio que sua reforma está de acordo com Deus e São Francisco; perseve, como você começou, porque Deus está contigo.”

O Mosteiro de Belém foi fundado por Santa Coleta em 1442, a pedido dos magistrados de Gant, Bélgica. As irmãs vieram de diferentes mosteiros franceses.
Sta. Madre Coleta retornou a este mosteiro em 6 de dezembro de 1446 e morreu três meses depois, em 6 de março de 1447.

Com as perseguições religiosas no tempo das revoluções, a comunidade de Gant foi dispersada. Em 1812, seis religiosas sobreviventes tentaram restaurar sua comunidade. Haviam sido proibidas pelo governo holandês, do qual a cidade dependia, de receber noviços e só em 1830 puderam recuperar todos os seus direitos. Desde então o convento se expandiu para receber as noviças que ali acorriam e a comunidade começou a fervilhar sob o impulso da madre Giovanna Francesca Dumortier: “zelosíssima pela tradição de Santa Coleta, reunião essas tradições em uma coleção”.

Em 1845, Gant fundou um mosteiro em Tongres com Madre Maria Lucia. Este mosteiro também acolheu irmãs alemãs que foram exiladas por conta da secularização do estado.

Em 1859, duas irmãs de Tongren partiram para Dusseldorf, Alemanha, para uma fundação. O mosteiro final foi concluído em 1863.
Por conta da repressão do governo, as Clarissas de Dusseldorf refugiaram-se em Harrefeld (Holanda), e de lá enviaram dois grupos de fundadoras para Cleveland (USA) e Rio de Janeiro (Brasil).

No dia 25 de setembro de 1928, aportaram no Rio de Janeiro as oito irmãs escolhidas para a ereção do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula. Eram elas: Madre Maria Seráfica, Ir. Maria Juliana, Ir. Maria Boaventura, Ir. Maria Clara, Ir. Maria Agnela, Ir. Maria Columba, Ir. Maria Imaculada e Ir. Maria Terezinha.

Madre Maria Seráfica do Santíssimo Sacramento, OSC
Ir. Maria Juliana do Santíssimo Sacramento, OSC
Ir. Maria Agnela do Sagrado Coração de Jesus, OSC
Ir. Maria Boaventura da Sagrada Face, OSC
Ir. Maria Imaculada da Conceição, OSC
Ir. Maria Columba do Menino Jesus, OSC

O então Bispo da diocese de Caicó-RN, Dom Heitor de Araújo Sales, fez vários pedidos para a ereção de um Mosteiro da Ordem de Santa Clara em sua diocese. O pedido foi aceito no ano de 1984, pelo Most. N. Sra. dos Anjos, RJ.

 Para a fundação foram enviadas: Ir. Maria Coleta do Sagrado Coração de Jesus, vigária; Ir. Maria Ângela do Santíssimo Sacramento; Ir. Maria Madalena da Santa Cruz; Ir. Marlene Inácia de Jesus Hóstia; Ir. Maria do Rosário de Fátima da Ressurreição; Ir. Maria José de Jesus (noviça); Ir. Francis Maris da Imaculada (noviça); Ir. Lúcia Maria do Imaculado Coração (noviça). Era o dia 12 de junho de 1984.

Entre os anos de 1997 e 1998, Frei Irineu Andreassa, OFM, pediu uma fundação para a cidade de Marília-SP ao Mosteiro N. Sra. de Guadalupe. Rezando e confiando na Providência de Deus, as irmãs aceitaram.
A aprovação pontifícia para a fundação ocorreu no dia 16 de julho de 1999.

Nossas fundadoras: Me. Marlene Inácia de Jesus Hóstia, Ir. Francis Maris da Imaculada, Ir. Maria Madalena da Virgem Dolorosa, Ir. Maria Inês do Menino Jesus, Ir. Maria Francisca das Cinco Chagas, Ir. Isabela de Santa Maria dos Anjos, e algumas postulantes, chegaram em Marília no dia 19 de setembro do mesmo ano. A comunidade permaneceu em uma casa provisória até o término da construção. A inauguração ocorreu no dia 15 de novembro do ano seguinte.

Em 2011 um grupo de irmãs de nossa comunidade saiu para revitalizar o Mosteiro de Lages-SC a pedido do bispo local, na época, Dom Frei Irineu Andreassa, OFM. Em 2012, o Mosteiro passou a ser autônomo.