Beata Ângela Astorch

Virgem, religiosa da Segunda Ordem (1592-1665).

Memória litúrgica: 28 de julho


  Jerônima Maria Inês Astorch nasceu em uma família rica, em Barcelona na Espanha no dia 01 de setembro de 1592, sendo a caçula de quatro irmãos. Seu pai, Cristóbal Cortey, e a mãe, Catalina Astorch, morreram após quatro anos, deixando-a órfã, sob os cuidados de uma senhora em Sarriá.

Em 1599, foi declarada morta devido a envenenamento. Sua irmã Isabel Astorch, religiosa do recém-fundado mosteiro capuchinho de Barcelona, e sua fundadora, Ângela Serafina Prat, foram ao funeral. No meio dos preparativos, a criança retornou à vida, e o milagre seria atribuído às orações de Ângela Serafina.

  A partir de então, adquiriu maturidade precoce e alta capacidade, o que sugere que era uma garota talentosa. Aprendeu a ler e trabalhar; tinha muito gosto em ler, especialmente livros em latim.
Em 16 de setembro de 1603, aos 11 anos, ingressou no mosteiro de Santa Margarita, em Barcelona, fundado por Madre Ângela Serafina Prat, levando consigo todos os seis volumes do Breviário em latim, que apesar da pouca idade, já os dominava. Recebe então o nome de Ir. Maria Ângela.
Apesar de sua maturidade precoce, ele teve que esperar até 1608 para realizar o noviciado canônico. Foi um tempo de espera difícil. Emitiu a profissão em 8 de setembro de 1609, aos 17 anos, e em 1612 foi eleita como membro do conselho da comunidade.
O Mosteiro de Santa Margarita tornou-se um foco florescente de fundações: Gerona, Valência, Mataró, Manresa. Em 19 de maio de 1614, Maria Ângela, juntamente com outras cinco religiosas, partiu para a fundação em Saragoça, inaugurada em 24 de maio daquele ano.
Durante seus anos em Saragoça, serviu como mestra de noviças (1614-1623), mestra de neoprofessas (1623-1626) e abadessa (1626-1642), pela qual foi necessário pedir dispensa a Roma por não possuir a idade canônica mínima. Nessa época dedicou-se a escrever pequenas obras de natureza espiritual. Uma de suas maiores realizações foi obter em 1627 a aprovação do papa Urbano VIII das Constituições, pelo qual a vida das capuchinhas serão dirigidas por três séculos.
Outro trabalho realizado por Ir. Maria Ângela foi atender aqueles que se aproximavam do mosteiro pedindo conselhos ou buscando conforto. Entre eles, alguns bispos e o cardeal Teodoro Trivulzio, vice-rei de Aragão, com quem manteria a relação epistolar ao retornar à Itália.
Seu progresso espiritual foi preservado nas Histórias Autobiográficas e nas Contas Espirituais. Nelas, relata as experiências místicas que ocorreram entre os anos de 1626-1656. Sua experiência espiritual é original em relação ao tempo em que viveu no século XVII. Um de seus confessores a enviou para ler os místicos em voga na época, para ver se identificava-se com algum deles: Sra. Teresa de Jesus e S. João da Cruz. A resposta foi negativa.
Sua espiritualidade é litúrgica, bíblica e patrística – pela qual João Paulo II chamou de Mística do Breviário em sua beatificação -, uma ardente devoção para com à SS. Eucaristia e à Santa Missa, à Paixão, e ao Coração de Jesus.
Desde 1640, Irmã Maria Ângela estava considerando a possibilidade de uma nova fundação. Somente em 9 de junho de 1645 sairia com outras quatro religiosas de Múrcia, inaugurando, em 29 de junho do mesmo ano, o mosteiro da Exaltação do Santíssimo Sacramento. Lá, novamente serviu como mestra e abadessa. Tinha entre suas discípulas Ir. Úrsula Micaela Morata, que em 1672 seria a fundadora do mosteiro de Alicante.
Durante seus anos em Múrcia, ele teve que enfrentar tempos difíceis, especialmente com a peste de 1648 e os transbordamentos do rio Segura em 1651 e 1653.
Em 1655 parou de escrever, pois pressentia a chegada da morte. A partir de 1660, perdeu suas faculdades até terminar em um estado infantil. Em 1661, pediu demissão do cargo de abadessa. Morreu em 2 de dezembro do mesmo ano depois de receber os sacramentos. A cidade de Múrcia marcou presença em seu funeral, pois as pessoas tinham grande estima pela Madre Fundadora, como era popularmente conhecida.
Três anos depois, começa o processo diocesano de beatificação, que termina em 1670. Em 1683, com a permissão do bispo, o corpo foi exumado e colocado em um local preparado no presbitério da igreja. Ao vê-lo descobriram que ele permaneceu intacto, incorrupto. Após vários estudos, em setembro de 1850, é oficialmente declarada Venerável.
Em 1936, com o início da Guerra Civil, o processo é interrompido. Sua sepultura foi profanada (disseram-me que os “vermelhos” pegaram seu caixão e o jogaram na rua pensando que seria destruído, mas o corpo ficou intacto e ficaram horrorizados). O cadáver foi levado para o cemitério comum. Graças à audácia de um marmorista que separou os restos mortais dos outros, e do médico Placido Ruiz Molina, que observara o corpo antes da profanação, foi possível identificá-lo na conclusão do concurso em 1939.
Em 1890 é apresentado o milagre necessário para a beatificação, que foi aprovada em 1929. Foi beatificada a 23 de maio de 1982, pelo Papa João Paulo II. Sua festa é celebrada no dia 02 de dezembro.


FONTES: https://www.capuchinhos.org/capuchinhos/santos-e-beatos/beata-maria-teresa-kowalska

Compilação e adaptação:
Mosteiro Maria Imaculada

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