A necessidade do despojamento

“Para receber-Me em plenitude é necessário dar, despojar-se”. Não é trabalho de um dia; trata-se de simplificar a bagagem perseverante e pacientemente. Despojamento e sacrifício. Assim, despedaçando os grilhões que ligam a alma, ser-lhe-á aberto, todo dia, o tesouro de novas riquezas, na liberdade da vida com Deus. (Sr. Chiara Augusta Lainati, OSC)


(Do “Colóquio Interior” de Ir. Maria da Trindade, OSC)

Tu, possuís muitas coisas; dá simplifica a tua bagagem: apenas o necessário. Deixa aos outros o supérfluo, o cuidado pelas quinquilharias. Tu, ama-Me! Quero-te pobre, toda inteira para mim. Exatamente por isso mudei teus afazeres. Estás mais livre internamente, mais pobre, mais dependente exteriormente… mais para mim. Tudo isso a fim de que me escutes.

Quero-te pobre e despojada, sem reservas diante de mim, para que Eu possa enriquecer-te todos os dias de novos dons… Mais darás, mais receberás. Deixa que se perca o que não te é necessário, aquilo que não te é indispensável, tudo o que não te conduz diretamente para mim, a fim de que sejas completamente minha. Pensamentos, recordações, projetos, desejos, preocupações… que te importam? Confia-me tudo. A minha alegria consiste em correspondas a mim com humilde confiança.

Desejo que o teu desprendimento das coisas materiais sirva para fazer-te compreender que há valores mais altos a que se deve empregar o tempo, as próprias atenções, o próprio afeto. Refiro-me ao espírito de reparação. Torna-te pobre, pobre de palavras, de gestos, de objetos… exceto de união comigo e com minha vontade. Sou Eu quem viverei em ti. Deixa-me agir, ó minha dileta!

O meu reino não é deste mundo; por isso não busco fazer resplandecer a minha grandeza sobre este mundo material. Eu é que domino a matéria e a mantenho. Por isso dou preferência a um hábito pobre, onde a matéria é pouco apreciada e que todas podem vestir, de modo que compreendais que livrando-vos das coisas terrenas descobrireis as espirituais.

Faze-te pobre, a fim de que haja em ti e fora de ti uma só beleza: o teu Jesus. Há muito tempo deverias ter concluído em ti este despojamento de tudo o que é supérfluo. Repara por um amor mais intenso o tempo que perdeste na tibieza. Liberta-te! Oh! Como serás feliz quando te veres totalmente livre e inteiramente minha! Livra-te, também, de tudo aquilo que te preocupa. Guarda-te de toda avareza. Sutilmente a avareza penetra na alma, fecha-lhe o meu reino. A avareza é a causa de todos os delitos, de todas as negações, de todas as traições.

A busca de bens transitórios, aos que se deseja possuir, é contra o meu espírito e almeja destruí-lo. A avareza é obra da morte. Pensa, julga, vela e reza para combatê-la com uma força digna de teu nome de cristã.

A avareza me entrega às mãos de meus inimigos. É sempre a avareza que me expulsa das almas: prefere-se bens passageiros a Mim, donde provém a traição e a negação. A avareza expulsa o Espírito de Deus e a santa pobreza salva-O através dos séculos.

Para receber-Me em plenitude é preciso dar, despojar-se. É preciso perdoar, superar o mal com o bem.


Fonte: “Temi Spirituali” de Sr. Chiara Augusta Lainati
(Tradução: Mosteiro N. Sra. de Guadalupe, Caicó-RN)

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